Profetas de ontem e de hoje
"O Senhor é meu pastor / perdoe o que seu filho fez / caiu de bruços no salmo 23 / sem padre, sem repórter / sem armar, sem socorro / vai pegar HIV na boca do cachorro..."
(Racionais MC's in "Diário de Um Detento")
Preconceitos à parte, não há como não ouvir o discurso e as letras de artistas das periferias e não se lembrar do grito dos profetas da bíblia.
Pode parecer loucura fazer uma ponte entre Amós, Habacuque, Elias, Isaías e tantos outros como RZO, Doctor MC'S, Racionais MC'S, Thaíde e DJ Hum, Câmbio Negro e tantos outros que berram na periferia, mas vamos mostrar alguns elementos que os identificam.
O primeiro deles é o fato de que cada um deles vieram do meio do local onde viviam, eles estavam intimamente ligados com o que defendiam e defendem, totalmente atrelados as necessidades que seu povo enfrenta. Seja na Judá assolada pelo Sírios ou na periferia de São Paulo, esquecida por tantos prefeitos e prefeitas, tanto os profetas bíblicos como os profetas de hoje, ambos estão comprometidos na luta contra a opressão.
O segundo elemento que os identificam é o discurso de ambos. "Ai daquele que edifica a cidade com sangue e a fundamenta com a iniquidade", Habacuque profere sua palavra contra a violência nas cidades e nas guerras pela tomada das cidades. Da mesma forma, vemos o grito dos artistas da periferia: " Você sabe por que / pra onde vai / pra quem vai / De bar em bar / de esquina em esquina / Pegar 50 contos / trocar por cocaína / Enfim, o filme acabou pra você / A bala não é de festim / aqui não tem dublê." (Racionais MC'S in "Capítulo 4 Versículo 3") Que denunciam a violência, seja no tráfico, seja no roubo.
Poderíamos traçar diversos outros elementos de identificação. O comprometimento com a mudança da sociedade, a reestruturação do local onde vivem, a readequação e recolocação do homem na sociedade, a devolução da dignidade e condições de vida ao homem. Passaríamos horas debatendo este tema. Mas não, prefiro deixar estes questionamentos para que pensemos: vamos fechar nossos ouvidos ao som que não gostamos, por ser de "pobre e de preto", ou vamos ouvir o clamor do povo que vive pendurado nos barracos dos morros à volta das mansões? Vamos ficar calados? Por incrível que pareça, eles estão cumprindo o papel que cabe a nós cristãos: a denuncia das mazelas da sociedade e luta contra as opressões.
Por fim, resta a nós, cristãos, olharmos para os excluídos, o oprimidos, não os oprimidos por satanás, o que é pior: os oprimidos pelo próprio homem! São para estes que Cristo veio. É para eles que Cristo pregou e viveu. É por eles, que nós, como seguidores de Cristo devemos lutar!
"Milhares de casas amontoadas!
Ruas de terra, esse é o morro, a minha área me espera!
Gritaria na frente, "vamos chegando!"
Pode crer, eu gosto disso, mais calor humano.
Na periferia a alegria é igual!
É quase meio dia, a euforia é geral!
É lá que moram meus irmãos, meus amigos.
E a maioria por aqui se parece comigo.
E eu também sou bam bam bam e eu que mando.
O pessoal desde às 10 da manhã tá no samba.
Preste atenção no repique, atenção no acorde.
"Como é que é Mano Brown?"
"Pode crer, pela ordem!"
A número, número 1 em baixa renda da cidade.
Comunidade Zona Sul é dignidade!
Tem um corpo no escadão, a tiazinha desse o morro.
Polícia, a morte, polícia, socorro!
Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo.
Pra molecada freqüentar. Nenhum incentivo!
O investimento no lazer é muito escasso.
O centro comunitário é um fracasso!
Mas, aí, se quiser se destruir está no lugar certo.
Tem bebida e cocaína sempre por perto.
A cada esquina, 100, 200 metros,
Nem sempre é bom ser esperto!
Schmith, Taurus, Rossi, Dreyer ou Campari
Pronúncia agradável, estrago inevitável.
Nomes estrangeiros que estão no nosso meio pra matar..."
(Racionais MC'S in "Fim de Semana no Parque")
(Racionais MC's in "Diário de Um Detento")
Preconceitos à parte, não há como não ouvir o discurso e as letras de artistas das periferias e não se lembrar do grito dos profetas da bíblia.
Pode parecer loucura fazer uma ponte entre Amós, Habacuque, Elias, Isaías e tantos outros como RZO, Doctor MC'S, Racionais MC'S, Thaíde e DJ Hum, Câmbio Negro e tantos outros que berram na periferia, mas vamos mostrar alguns elementos que os identificam.
O primeiro deles é o fato de que cada um deles vieram do meio do local onde viviam, eles estavam intimamente ligados com o que defendiam e defendem, totalmente atrelados as necessidades que seu povo enfrenta. Seja na Judá assolada pelo Sírios ou na periferia de São Paulo, esquecida por tantos prefeitos e prefeitas, tanto os profetas bíblicos como os profetas de hoje, ambos estão comprometidos na luta contra a opressão.
O segundo elemento que os identificam é o discurso de ambos. "Ai daquele que edifica a cidade com sangue e a fundamenta com a iniquidade", Habacuque profere sua palavra contra a violência nas cidades e nas guerras pela tomada das cidades. Da mesma forma, vemos o grito dos artistas da periferia: " Você sabe por que / pra onde vai / pra quem vai / De bar em bar / de esquina em esquina / Pegar 50 contos / trocar por cocaína / Enfim, o filme acabou pra você / A bala não é de festim / aqui não tem dublê." (Racionais MC'S in "Capítulo 4 Versículo 3") Que denunciam a violência, seja no tráfico, seja no roubo.
Poderíamos traçar diversos outros elementos de identificação. O comprometimento com a mudança da sociedade, a reestruturação do local onde vivem, a readequação e recolocação do homem na sociedade, a devolução da dignidade e condições de vida ao homem. Passaríamos horas debatendo este tema. Mas não, prefiro deixar estes questionamentos para que pensemos: vamos fechar nossos ouvidos ao som que não gostamos, por ser de "pobre e de preto", ou vamos ouvir o clamor do povo que vive pendurado nos barracos dos morros à volta das mansões? Vamos ficar calados? Por incrível que pareça, eles estão cumprindo o papel que cabe a nós cristãos: a denuncia das mazelas da sociedade e luta contra as opressões.
Por fim, resta a nós, cristãos, olharmos para os excluídos, o oprimidos, não os oprimidos por satanás, o que é pior: os oprimidos pelo próprio homem! São para estes que Cristo veio. É para eles que Cristo pregou e viveu. É por eles, que nós, como seguidores de Cristo devemos lutar!
"Milhares de casas amontoadas!
Ruas de terra, esse é o morro, a minha área me espera!
Gritaria na frente, "vamos chegando!"
Pode crer, eu gosto disso, mais calor humano.
Na periferia a alegria é igual!
É quase meio dia, a euforia é geral!
É lá que moram meus irmãos, meus amigos.
E a maioria por aqui se parece comigo.
E eu também sou bam bam bam e eu que mando.
O pessoal desde às 10 da manhã tá no samba.
Preste atenção no repique, atenção no acorde.
"Como é que é Mano Brown?"
"Pode crer, pela ordem!"
A número, número 1 em baixa renda da cidade.
Comunidade Zona Sul é dignidade!
Tem um corpo no escadão, a tiazinha desse o morro.
Polícia, a morte, polícia, socorro!
Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo.
Pra molecada freqüentar. Nenhum incentivo!
O investimento no lazer é muito escasso.
O centro comunitário é um fracasso!
Mas, aí, se quiser se destruir está no lugar certo.
Tem bebida e cocaína sempre por perto.
A cada esquina, 100, 200 metros,
Nem sempre é bom ser esperto!
Schmith, Taurus, Rossi, Dreyer ou Campari
Pronúncia agradável, estrago inevitável.
Nomes estrangeiros que estão no nosso meio pra matar..."
(Racionais MC'S in "Fim de Semana no Parque")