O GATO CINZA

4.12.06

Reflexões sobre o Pai Nosso

Reflexões de minha autoria sobre o texto do Pai Nosso segundo o Evangelho de São Mateus 6.9-13 na Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Reconhecimento duplo

Em nossa vida devemos conhecer e reconhecer nossos valores e deixar claro o que cremos e pensamos. Uma pessoa sem valores é como um barco solto no mar no meio da tempestade: sem segurança para seguir a viagem da vida.

Por isto é importante sabermos em que cremos, nossos valores e história, para termos chão firme e seguro do que acreditamos. A primeira sentença da oração do Pai Nosso nos apresenta dois grandes valores:

“Pai nosso, que estás no céu,
que todos reconheçam que o teu nome é santo.”
(São Mateus 6.9)

Deus é pai. Muitas vezes a imagem de pai que temos é a de uma pessoa autoritária, por vezes ausente, por vezes exigente demais. Deus não é assim. Ele é pai amoroso, justo e educador. Este é o pai que todos os homens devem se espelhar. Este é o nosso pai, o nosso criador!

“Pai nosso”. Veja que grande valor! Reconhecer que Deus é o nosso pai, o único que nos conhece totalmente e que é capaz de suprir todas as nossas necessidades.
“…que todos reconheçam que o teu nome é santo.” Outro grande valor para nós: o de viver de modo que todos saibam que o nome de Deus, nosso pai, é santo, ou seja, não há nada que se possa dizer contra Deus, não há nada que se possa acusar Deus. Ele é santo.

Em um mundo repleto de valores distorcidos, que tal mudar de atitude começando pelo primeiro verso da oração do Pai Nosso? Assim quem sabe poderemos ter um mundo mais justo, amoroso e em constante crescimento.


O amanhã é para hoje

Todo cristão deve ter um desejo latente em cada atitude: viver o Reino de Deus hoje. Isto quer dizer que todo cristão deve buscar em suas atitudes expressar a vontade de Deus e fazer o que Ele nos mostra que é o melhor para nós. Este desejo do Reino está expresso na oração do Pai Nosso, ensinada por Jesus:

“Venha o teu Reino.
Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu!”
(São Mateus 6.10)

Pedir a Deus que o Reino d’Ele venha é desejar viver em comunhão plena com Deus, desejar o amor, a justiça e a misericórdia reinando no lugar do medo e da violência.

Cremos que a vontade de Deus pode ser vivida hoje em nossa sociedade e por isto cremos que Deus pode sim nos ajudar a vencer o mal que domina o nosso meio. Por isto pedimos que Seu Reino venha para que possamos viver de acordo com o que Ele deseja aqui na terra assim como vivem lá no céu. Trata-se da expressão viva de um desejo: Vida plena com Deus.

De certa forma, depois da morte e ressurreição de Jesus, esta oração expressa a saudade da presença de Jesus pessoalmente conosco, o Seu Reino sendo vivido ao lado do Rei. Por isto vamos fazer esta oração todos os dias, desejar o Reino de Deus e principalmente viver para que Ele se concretize em nosso meio.


Nada além da conta

Temos por costume sempre querer mais. Somos insatisfeitos por natureza, parece que nada é suficiente para nós. A ganância muitas vezes nos cega. Quanto mais temos mais queremos. Não sabemos parar de desejar mais e nem repartir o que temos a mais.

Jesus, ao nos ensinar a orar, deixou uma sentença clara e direta:

“Dá-nos hoje o alimento que precisamos.”
(São Mateus 6.11)

Precisamos aprender a desejar apenas o que realmente precisamos, nada além disto. Quando Jesus nos ensina a pedir apenas o alimento que precisamos, Ele nos ensina também o controle nos nossos impulsos. Devemos pedir a Deus que nos ajude a ter o alimento que precisamos, o emprego que precisamos, a família que precisamos, enfim, tudo o que precisamos e não necessariamente o que queremos.

Este é o nosso desafio: aprender a viver com o que precisamos e ter a certeza de que Deus sabe exatamente do que eu preciso para continuar fiel a Ele!


Perdão: medidas iguais

Você já foi magoado? Alguém já te chateou? Falaram algo de você que não te agradou? Qual a nossa reação quando alguma atitude ou palavra atinge o nosso orgulho? Somos sempre chamados a reagir, a dar uma resposta à altura, a defender nosso orgulho.
Na oração que Jesus nos ensinou existe uma sentença que diz

“Perdoa as nossas ofensas
como também nós perdoamos
as pessoas que nos ofenderam.”
(São Mateus 6.12)

O perdão que devemos pedir a Deus pelas atitudes e palavras que fazemos e falamos que vão contra seus ensinos é o mesmo perdão que devemos exercer com aqueles que nos magoam, nos chateiam, nos desagradam.

Na mesma medida em que perdoarmos seremos perdoados. Quando se fala em perdão, não existe medida injusta, elas são iguais de Deus para nós e nossa para com os outros.
Praticar o perdão constantemente é difícil, mas não impossível. O convite de Jesus é para adotarmos o perdão como estilo de vida e crescermos em amor e justiça.


Tentação: você pode vencê-la.

Na nossa vida sempre surge uma oportunidade de fazer algo da forma errada. Muitas vezes, procuramos dar um “jeitinho” nas situações da nossa vida. Nessas horas precisamos abrir nossos e prestar atenção no que é ou não vontade de Deus. Por isto Jesus nos ensinou a orar:

“E não deixes que sejamos tentados,
mas livra-nos do mal.”
(São Mateus 6.13a)

A todo instante estamos diante de situações que nos colocam a prova: uma resposta de uma pergunta difícil que nosso filho faz, um pergunta do chefe que seria “melhor” mentirmos do que dizer a verdade ou quem sabe “colar” na escola em uma prova. Situações que podem nos afastar ou aproximar de Deus.

Quando enfrentarmos situações em nossa vida que exigem uma decisão, sempre peçamos a Deus a orientação correta a fim de que Ele nos livre do mal e nos faça trilhar o caminho da justiça e do amor.


Declaração de vida

Os valores em nossa sociedade mudam a cada instante. A todo momento surge uma nova moda. É a novela que dita as regras, o programa de fofoca que fala de determinados comportamentos, os jornais que mostram mais notícias de um determinado assunto.

Tudo isto nos faz pensar sobre o que temos assumido para nossa vida. Qual a declaração que fazemos para o mundo? Como nos posicionamos? Jesus nos mostra na Oração do Pai nosso uma declaração que é um propósito de vida:

“Pois teu é o Reino,
o poder e a glória,
para sempre. Amém!”
(São Mateus 6.13b)

Declarar que de Deus é o Reino é assumir que somos servos de Deus e estamos dispostos a trabalhar para que a vontade d’Ele se cumpra na nossa vida.

Declarar que de Deus é o poder é assumir que somente Ele pode todas as coisas.

Declarar que de Deus é a glória é assumir que não haverá nada que será mais importante do que servir a Ele.

É preciso assumir estes três compromissos, não só hoje, mas para sempre!